Conheça a história de um usuário de crack da classes alta
Vamos usar apenas as primeiras letras do nome do usuário para não causar nenhum constrangimento.
Ele perdeu três carros para as drogas, sua esposa deixou a residência de luxo que morava, foi ai que M. , ex-executivo de uma empresa multinacional , conheceu as drogas, em especial o crack. Ele já havia conhecido a cocaína, mas com o relacionamento afetivo falido, não parou por ai, como tinha um alto salário, em torno de R$ 40 mil por mês, M. poderia usar todos os tipos de drogas.
Um amigo da faculdade que também trabalhava com M. apresentou o crack, o qual ele usava de vez em quando, isso por dois anos, até se viciar totalmente. Ele perdeu tudo, o emprego, os carros de luxo, ele chegou a ter 3 carros, perdeu até os companheiros. Como estava endividado, teve que ir vendendo todos os seus bens. E não parou por ai, depois vieram os surtos psicóticos, e as doenças como a sífilis e hepatite C , além disso num desses surtos bateu na ex-mulher, o que acarretou problemas com a justiça. Sua vida virou um inferno, segundo M. conta que, “Levava desconhecidos e prostitutas para casa e me trancava para fumar durantes dias“.
Apesar de todos esses problemas ele tinha onde morar, não viveu nas ruas, como outros usuários de classes mais pobres.
Seu pai e seu irmão ficaram muito preocupados e internaram M. na comunidade terapêutica na cidade de Vera Cruz, interior de São Paulo.
Isso tudo aconteceu a mais de dez anos, passou por muitas internações, hoje ele tem um pequeno comércio com seu irmão, M. não bebe mais nada, pois tem medo de uma recaída.
Veja alguns depoimentos de M., “Eu cheirava (cocaína) desde a faculdade e fazia várias merdas. Traí tanto minha mulher que perdi a conta. Mas achava que tava tudo bem. Trabalhava, ganhava dinheiro, meus amigos também usavam“, e continua “Usava bala (ecstasy), K (quetamina, um anestésico), flatliner (um tipo de anfetamina sintética), tudo o que aparecesse. Até chegar no crack“, e continua, “Comigo não foi aquela coisa que falam, que você fuma duas vezes e vai parar na cracolândia. Tem muita gente (nas classes mais altas) que usa durante um tempão e você não sabe, porque ninguém fala“, finaliza.
Muitas vezes achamos que o crack , é uma droga restrita às classes mais baixas, mas nas clinicas de reabilitação como a Clínica Greenwood, muitas pessoas das classes mais altas estão internadas por esse vício. A Clinica Greenwood é conhecida por ter tratado de celebridades como o ator Fábio Assunção e o ex-jogador e comentarista de futebol Walter Casagrande Júnior, localizada num bairro nobre da capital paulista, o tratamento custa mais de R$ 12 mil por mês. Já na clinica localizada em Itapecerica da Serra, a internação custar cerca de R$ 30 mil.
Pablo Roig, diretor da unidade da Greenwood nos Jardins, comenta que, “O crack provoca uma descarga brutal de dopamina (hormônio ligado à sensação de prazer) na área de recompensa do cérebro. Em uma situação normal de prazer, como durante o sexo, você pode ter um aumento de 100%. A cocaína provoca aumento de 400%. Com o uso de crack, há um aumento de 1100%”, tudo baseado em dados do NIDA (National Institute on Drug Abuse), órgão americano de combate e estudo do uso de drogas.
Além disso, continua, “Tive um paciente que chegou a usar 100 pedras num dia. Se uma pedra custa cerca de R$ 10, isso dá R$ 1 mil. Não é barato“. E pontua, “Quem é pobre só consegue manter o vício roubando, se prostituindo, catando latinha”.
A droga alcança todas as classes sociais, mas nas classes mais altas por causa das estruturas de apoio disponível para essas pessoas, acaba não sendo contabilizado. Pessoas das classes altas e que usam a droga, muitas vezes procuram uma hospitalização devido às consequências clínicas do abuso da substância. Chegam aos hospitais com problemas respiratórios, dores no corpo, arritmia, infarto, sem falar nos quadros psicóticos induzidos pela substância.
Na zona oeste de São Paulo, tem a Casa de Saúde São João de Deus, bastante procurada pois atende pacientes vários níveis sócio econômicos, nela o tratamento pode ser custeado pela família do dependente ou por meio de convênio particular, que custam em torno de R$ 5 mil mensais ou podem entrar pelo SUS. Vanessa Cavalcante, diretora do hospital finaliza, “O crack atinge todas as classes, todas as profissões. Já tratamos professores universitários, empresários, advogados, artistas. Tive (um paciente que era) médico neurologista“. Consumo do crack é mais comum na faixa etária de 25 a 35 anos, e representa 30% do total de pessoas em recuperação.
Veja o que o crack fez com uma médica! Veja o vídeo: