A “Caixa gigante’da Campanha Coração Azul é um alerta sobre tráfico de pessoas.
O aeroporto JK, em Brasilia ganhou a decoração de uma “caixa gigante” posicionada em frente à área de desembarque, a caixa em questão faz parte da Campanha Coração Azul, e mostra as desventuras de 3 brasileiros que foram traficados. A caixa ficará exposta até domingo dia 30/07/2017, em comemoração do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
A ação é promovida pelo Ministério da Justiça e parceiros. Infelizmente, o ministério tem dados alarmantes sobre o assunto, conta com 317 denúncias recebidas pelo disque 180 apenas no ano de 2016.
Entre as histórias da caixa, uma é de Antônio, que foi escravizado durante 60 anos, e acabou sendo resgatado em uma fazenda, em Goiás, em 2007.Os donos da fazenda, Levaram Antonio, com apenas cinco anos de idade, e obrigavam ela trabalhar das 3h da manhã até o anoitecer consertando cercas ou ordenhando o gado. O caso é relatado pelo Projeto Resgate, Organização Não-Governamental (ONG), que trabalha com a reintegração social de vítimas de trabalho escravo.
Marco Aurélio de Sousa, secretário-executivo do Projeto Resgate, revela que o caso de Antônio é só um exemplo dos inúmeros casos encontrados pela ONG.
“Às vezes, as pessoas têm a ideia de que o tráfico de pessoas é coisa de novela, mas, se você observa, as histórias reais existem, não são lendas urbanas. Quando trazemos para um aeroporto, com grande fluxo de pessoas, temos a capacidade de conscientizar.”
Jorge da Silva, diretor do Departamento de Políticas de Justiça do Ministério da Justiça, também diz, que tráfico humano movimenta mais dinheiro do que o tráfico de drogas e de armas. E faz um alerta a todas as mulheres! O sexo feminino gera 80% das vítimas do tráfico de pessoas no mundo
“Quando você usa a palavra tráfico já vem imediatamente na cabeça das pessoas o tráfico de drogas ou de armas. Nós queremos redirecionar a preocupação da sociedade para o tráfico de seres humanos.”
Um outro caso contado na caixa é o caso de Renata, brasileira, traficada para à Suíça com promessa de emprego, mas na verdade era explorada sexualmente.
“Esse crime afeta milhões de pessoas, mas é um crime invisível, você não sabe o que é. Às vezes até tem o consentimento da pessoa, atraída por vantagens, dinheiro, mas depois tudo isso se perde. E o consentimento não exclui a responsabilidade dos traficantes”.
Legislação
Em 2016, foram aprovadas novas regras para punir o crime de tráfico de pessoas. A pena mínima é de quatro anos de prisão, e a máxima de oito. No entanto, pode chegar a 10 anos se o crime tiver circunstâncias agravantes – como abuso de relações de confiança ou casos que envolvam crianças, adolescentes, pessoas idosas ou com deficiência.
Denúncia
As denúncias podem ser realizadas pelo Disque 100 (Ministério dos Direitos Humanos) e pelo Ligue 180 (Secretaria de Políticas para as Mulheres).